Há diversas razões para o prejuízo do aparelho locomotor. O acidente vascular cerebral (AVC) é um dos mais comuns, afetando cerca de 16 milhões de brasileiros, segundo dados da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). Mais dramático ainda: muitos não sabem sequer como prevenir o aparecimento da complicação. O panorama faz com que a condição alcance esses números alarmantes. Para aqueles que sobrevivem ao trauma, as sequelas afetam, principalmente, os movimentos, geralmente do lado oposto ao que sofreu o derrame cerebral.
Existem casos famosos de recuperação parcial ou total dos movimentos em áreas afetadas. O último que ganhou fama foi o do ex-jogador de futebol e treinador Ricardo Gomes, em 2010. Tendo sofrido um AVC à beira do gramado durante a disputa de uma partida, foi levado às pressas para um hospital na zona norte do Rio de Janeiro. O diagnóstico de AVC hemorrágico induziu um prognóstico pouco esperançoso.
Passados alguns anos de intenso tratamento – com sessões exaustivas de fisioterapia – Ricardo Gomes recuperou os movimentos quase em sua totalidade. A única sequela que permanece é na fala, mas ainda assim pouco visível. É, sem dúvidas, um caso de extensão dos limites físicos graças ao avanço da medicina.
Outra situação, esta mais antiga, evidência o desenvolvimento da ciência médica. Após ficar tetraplégico com uma queda de cavalo em 1995, o astro Christopher Reeve, famoso por interpretar o Superman nos cinemas, chegou a recuperar o movimento dos dedos em 2002. Na ocasião, a expectativa dos doutores apontava para um horizonte de cura total, com o aperfeiçoamento do tratamento de lesões do tipo. Infelizmente, dois anos depois Reeve viria a falecer, mas o seu legado para o aprimoramento de técnicas fisioterápicas é incontestável.
Situação semelhante é a da ex-ginasta Laís Souza. Tendo sofrido um acidente em janeiro de 2014, durante preparação para os Jogos de Inverno de Sochi, a esportista correu o risco de ficar paralisada por uma lesão na terceira vértebra da coluna cervical. Intenso tratamento fisioterápico fez seu quadro evoluir, após dez meses, de uma lesão completa a uma incompleta. Isso significa dizer que ela já havia, então, recuperado parte dos movimentos. Seu quadro atual é de melhora, ainda que Laís esteja longe de uma recuperação total.
As situações descritas, assim, são animadoras principalmente para a medicina. Se talvez, e infelizmente, a cura não chegue a tempo de restaurar a locomoção desses casos individuais, sem dúvidas eles contribuíram para a evolução de tratamentos que vão beneficiar não um indivíduo em particular, mas todos que eventualmente necessitarem desse tipo de cuidado.